quarta-feira, 26 de agosto de 2009

VETORES E O AMBIENTE DE TRABALHO

AS PRAGAS URBANAS E O AMBIENTE DE TRABALHO


Segurança é a palavra chave. Mas que tipo de relação pode existir entre segurança no ambiente de trabalho e os vetores urbanos? Muito se tem discutido a respeito da real influência que insetos e roedores têm sobre a saúde e segurança do trabalhador. Ainda se questiona sobre a real necessidade de se “investir” em um serviço de controle de pragas.

Na presença das primeiras dificuldades econômicas, geralmente é o item que é imediatamente cortado para redução de despesas. Ou pior, no intuito de se executar um serviço com preços mais módicos, o trabalho é entregue a um funcionário da própria empresa, alguém da faxina talvez, que nenhum treinamento possui para executar tal tarefa. Esta pessoa passa a ser responsável pela aplicação de produtos tóxicos e consequentemente, pela segurança de todos que utilizam aquela área. A partir desta nova incumbência a questão não é mais somente a presença de pragas, mas modifica-se e agrava-se pelo risco no uso de produtos quimicos.

A primeira questão é: Qual a importância das pragas para o ambiente de trabalho?

Lá passamos a maior parte de nossas vidas e os melhores horários de nosso dia. Na busca da subsistência acabamos nos envolvendo com as rotinas diárias e lá deixamos grande parte de nossas energias. A competitividade assim o exige.

Em 1972 uma médica inglesa, Beatson, observou em um hospital a presença de pequenas formigas que se infiltravam dentro de medicamentos, materiais esterilizados, equipamentos para aplicação de soro, etc. e curiosamente, resolveu avaliar microbiologicamente, o que aqueles insetos poderiam eventualmente estar transportando. Ela surpreendeu-se com a grande quantidade de microrganismos patogênicos encontrados nas diversas partes do corpo destas, aparentemente inofensivas, formiguinhas.

Esta conclusão levou outros países a também iniciarem estudos e a chegarem a conclusões semelhantes à da Dra Beatson a respeito do risco à saúde que estas formiguinhas representam.

O nosso ambiente de trabalho pode ser um hospital, um restaurante, um escritório, um galpão de fábrica, ou até mesmo a nossa casa. Em todos estes ambientes as pragas vão ter ou não condições de se abrigar, proliferar e por consequência espalhar microrganismos e aumentar as chances de entrarmos em contato com eles.

Assim, quanto melhor fôr o ambiente de trabalho do ponto de vista de higiene, limpeza, manutenção e ausência de pragas, melhor para nós, para nossa saúde e melhor será o nosso rendimento. Estaremos doentes menos vezes e produziremos mais.

A segunda questão é: Como fazer o controle de pragas de uma forma segura?

A imprensa constantemente noticia fatos relacionados com intoxicações através do uso indevido e abusivo de produtos químicos, especialmente inseticidas. As estatísticas da FIOCRUZ mostram que cerca de 50 % dos acidentes que anualmente ocorrem nos lares brasileiros envolvem o uso de pesticidas agropecuários, de uso profissional e doméstico. A Resolução ANVS/RDC nº 326, de 09.11.2005 faz uma clara distinção entre os produtos permitidos para uso doméstico e consequentemente, por uso de leigos, dos ditos de uso exclusivamente profissional e estabelece parâmetros para o seu registro e utilização.

Entretanto, o trabalho de controle de pragas não é mais uma mera aplicação de “venenos” com os seus consequentes riscos à saúde pública. É, muito mais do que isto. É um trabalho de observação, de integração, de conscientização. Todos devem estar envolvidos, clientes e parceiros, nesta batalha.

A utilização de produtos químicos é somente uma das etapas do controle. Esta nova visão chama-se Controle Integrado de Pragas e segue de encontro com as posturas que estão sendo adotadas modernamente em relação ao meio ambiente. Um pesticida mal utilizado pode contaminar o ambiente urbano e as pessoas que lá vivem. Com certeza não é a única solução de nossos problemas com pragas.

Este cenário é incompatível com os dias atuais, em que o desdobramento do conhecimento humano abriu janelas e espaços para novos conhecimentos que permitem que todo este trabalho seja feito com a maior segurança e confiabilidade de resultados.

A solução está em uma maior participação de todos os envolvidos neste cenário, em uma maior integração das áreas da empresa, de uma maior e mais abrangente doutrinação das pessoas no sentido de colaborarem para a obtenção dos resultados positivos.

Todos ganham com isso. O meio ambiente, que vai ser menos afetado; as pessoas, que serão mais protegidas. Só as pragas urbanas levam a pior.

Lucia Schuller
Bióloga