quinta-feira, 2 de junho de 2011

AS PRAGAS DE INVERNO

AS PRAGAS DE INVERNO

É comum as pessoas entenderem que o inverno é uma época em que não precisamos nos preocupar com as pragas. As temperaturas estão baixas, os insetos não vivem bem no frio, então é hora de despreocupação. Verdade ou mentira?

Vamos definir primeiro o que é inverno. Num país continental como o Brasil o inverno para os paulistas é diferente daquele do pernambucano ou da população que vive no Amazonas. As diversas regiões e os variados biomas que temos em nosso país apresentam condições climáticas e temperaturas completamente diferentes e a cujo clima os insetos, roedores e pombos estão plenamente adaptados. Claro que numa região onde neva as condições de sobrevivência de uma mosca, por exemplo, são muito adversas. Mesmo em São Paulo, onde já verificamos temperaturas de 5 graus centigrados na estação, há uma adaptação destes animais ajudada pela infinidade de abrigos que oferecemos voluntariamente ou não. Vivemos num país tropical, diferente do hemisfério Norte onde as temperaturas caem abaixo de zero por longos períodos e meso assim, lá os insetos ressurgem com força total na primavera e verão.

Concluímos que temperatura, clima, tem algum impacto, porém temporário e somente em algumas regiões.

Em São Paulo, onde temos freqüentemente quatro estações do ano ao dia, esses animais estão mais do que adaptados. Claro que observamos menos moscas num dia de frio intenso, mas os demais dias de sol pleno elas são vistas com freqüência.

Essa visão distorcida dessa realidade é que faz com que baixemos a guarda no inverno e deixemos de olhar com o mesmo cuidado o nosso ambiente, especialmente o ambiente industrial.

Essa é uma época do ano ideal para tomarmos ações preventivas, que foram adiadas nos meses mais quentes do ano em razão de muito trabalho, fábrica em alta produção, e outras desculpas. No inverno (se podemos chamar assim esse clima doido) os insetos alados diminuem a sua freqüência em função da dificuldade em encontrar locais com matéria orgânica em fermentação disponível. O Sol está mais ameno e menos presente, então as fontes de matéria orgânica são menos aquecidas. O clima também está seco e a umidade também faz parte do processo de fermentação. Pena que só lembremos dos insetos quando o calor chega pra valer e aí já é tarde para tomar medidas ou elas são tomadas de afogadilho, sem muito planejamento, para apagar o incêndio.

Essa é a época ideal para essas medidas preventivas tão adiadas. Aqui vai uma listinha para a agenda de lembretes importantes que podem ser implementados no tempo mais frio com resultados surpreendentes no calor:

1 – Verifique as armadilhas luminosas instaladas na empresa. É hora de manutenção geral, troca de lâmpadas, mesmo que aparentemente estejam acesas.Os fabricantes recomendam sempre que a troca seja feita nessa época, que duram uma média de 7 mil horas. Se o ano tem cerca de nove mil horas, das quais mais da metade acontecem em períodos quentes, o momento de troca é esse, entre agosto e setembro, para obter um bom desempenho da armadilha nos meses quentes que virão.

2 – Esse é também um bom momento para verificar as aberturas existentes nas estruturas que permitem a passagem de aves, ratos e até insetos. É uma boa época para instalação de telas, fechamento de frestas, pois, como não chove muito, o serviço rende mais, termina logo, tem menos riscos, o material aplicado seca rapidamente.

3 – As telas anti insetos instaladas costumam rasgar, esticar, sair da moldura e os insetos alados entram por essas fissuras, por menores que sejam. Eles descobrem os acessos graças a ferramentas biológicas fornecidas pela mãe natureza. É o momento de remover as telas, lavá-las, consertá-las para não termos preocupação nos próximos meses.

4 – Esse é um bom momento para cuidar dos ralos e da rede de esgotos, com troca de ralos quebrados e com a aplicação de inseticida nebulizado dento das tubulações de águas pluviais e de esgotos. Essa ação vai prevenir a presença de baratas grandes (Periplaneta americana) que afloram nos meses quentes, após chuvas intensas. Isso acontece por que há uma infestação de baratas nestas canalizações subterrâneas e, quando as chuvas são fortes e inundam essas canalizações, as baratas fogem das enxurradas e entram nas estruturas através dos ralos, bocas de lobo e outras aberturas existentes.

5 - Bom momento também para cuidar dos reservatórios de água. Em tempo seco o serviço é mais fácil, sem interrupções em decorrência das chuvas, e o consumo de água é menor, impactando menos os usuários.

6 – Por último não podemos nos esquecer que este é um momento importante para prevenção do mosquito Aedes aegypti, cujos ovos depositados estão em repouso só esperando uma chuvinha para eclodir e sair picando e contaminando a população. É uma boa hora para uma campanha preventiva, palestras de alerta, e uma faxina geral na empresa, descartando o que não serve mais que poderá ser um foco de mosquitos, limpando e preparando a fábrica para o segundo semestre.

Se essas medidas forem seguidas dentro de um plano de ação preventivo certamente que o final do ano e o começo do próximo serão muito mais tranqüilos e todos poderão pensar mais em Natal, férias, praia e outras maravilhas que esse país sensacional nos oferece.

Lucia Schuller
Bióloga