LUCIA SCHULLER, bióloga assina este blog sobre pragas urbanas. Schuller é Mestre em Saúde Pública e especialista em Entomologia (estudo dos insetos) urbana Neste blog podem ser encontrados os mais diversos assuntos sobre o tema, incluindo algumas publicações externas também.
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012
RIO PODE TER A PIOR EPIDEMIA DA HISTÓRIA
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse ontem que a cidade do Rio de Janeiro está ameaçada, este ano, por uma das piores epidemias de dengue da sua história. O que mais agrava o cenário na capital fluminense, segundo ele, é a entrada da dengue tipo 4 no País. "Esse não é um tipo mais grave, não faz com que a pessoa tenha risco maior de morrer, mas, como pouquíssimas pessoas no Brasil já pegaram esse tipo de vírus, um número maior de pessoas está suscetível", explicou, o ministro em entrevista à EBC Serviços.
Segundo Padilha, O Rio de Janeiro já registrou, nos primeiros meses de 2012, o maior número absoluto de casos de dengue e o maior aumento em relação ao ano passado. "Temos que manter e intensificar as ações. O Rio de Janeiro, eu diria, é a cidade que mais preocupa o Ministério da Saúde", reforçou.
Um levantamento feito em agosto do ano passado mostrou que a maioria dos focos do mosquito Aedes aegypti na capital fluminense estava em caixas d'água. Um novo estudo, entretanto, realizado em dezembro de 2011, indica que a maioria dos focos está dentro da casa das pessoas, em pequenos vasilhames.
"O ovo do mosquito pode sobreviver até 300 dias em ambiente seco e ficar viável. Se volta a chover, ele eclode, vira larva e pode transmitir a dengue", alertou Padilha.
No Rio, em clima de carnaval, agentes de saúde fantasiados promoveram na estação de trem de Engenho de Dentro, a campanha Ação nos Bairros contra a Dengue.
Cortes na Saúde
Ao comentar os cortes anunciados pelo governo federal no Orçamento Geral da União de 2012, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse que a pasta ainda terá o maior orçamento da história, com aumento de 17% em relação ao do ano passado, e o maior volume de recursos desde 2000.
Os ministérios da Saúde, das Cidades e da Defesa foram os mais afetados pelo corte de R$ 55 bilhões no Orçamento Geral da União. Segundo números divulgados na quarta-feira (15), apenas nessas três pastas, o bloqueio de verbas soma R$ 12,114 bilhões. Na Saúde, serão cortados R$ 5,473 bilhões. O volume de recursos foi reduzido de R$ 77,582 bilhões para R$ 72,110 bilhões.
"Sabemos que a saúde precisa de mais recursos, mas, no papel de ministro, tenho que fazer mais com o que nós temos", ressaltou, Padilha lembrou ainda que, apesar do corte, o volume de recursos destinados à área de saúde este ano é maior do que o previsto pela Emenda Constitucional 29 como contribuição obrigatória por parte do governo federal.
"Vamos trabalhar muito para executar esses recursos. Eu, como ministro da Saúde, não tenho que ficar esperando os recursos virem do céu. Temos que fazer mais com o que nós temos, temos que fazer com que esses recursos sejam mais bem aplicados, combinando [isso] ao combate ao desperdício de recursos na saúde", disse Padilha.
De acordo com o ministro, em 2011, a pasta chegou a economizar R$ 1,7 bilhão, por meio de medidas como a centralização da compra de medicamentos e o combate a fraudes. O montante, segundo ele, possibilitou a criação do programa Saúde Não Tem Preço, que distribui remédios gratuitos para combater a hipertensão e o diabetes.
Carnaval
Uma das principais estratégias de atuação do Ministério da Saúde na campanha de carnaval deste ano será reforçar entre as gerações mais jovens que a aids não tem cura e que a única forma de prevenção é o uso da camisinha.
O ministro Alexandre Padilha lembrou que o público-alvo, em 2012, são jovens gays com idade entre 19 e 24 anos.
Dados do ministério indicam que houve uma queda de 20% nas novas infecções registradas entre jovens no ano passado. Entretanto, o número de novos casos entre homens que fazem sexo com homens nessa faixa etária subiu 10% em relação a 2010. Outro levantamento da pasta revela que houve redução do uso da camisinha entre jovens - apenas 43% deles declararam fazer uso regular do preservativo.
"A avaliação que o ministério faz hoje é que há uma geração nova que não teve a experiência de ver ídolos que lutaram no início da aids e que chegaram a morrer e, por isso, estão menos sensibilizados aos riscos da infecção pelo HIV", explicou Padilha.
De acordo com o ministro, além de campanha na TV aberta, serão feitas ações de rua nas principais cidades onde há movimentação por causa do carnaval, como Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador e Florianópolis. A pasta fechou parcerias com trios elétricos, camarotes e artistas. Serão montadas ainda tendas para realização de teste rápido para HIV e hepatite.
No Recife, será feita uma simulação da atuação da Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo Padilha, a ideia é reforçar as equipes de pronto-atendimento, do Serviço de Atendimento Móvel de Emergência (Samu) e montar uma central de operação para controle do funcionamento dessas ações. "Faremos uma simulação do que pode acontecer durante a Copa das Confederações e a Copa do Mundo nas ruas brasileiras", explicou.
fonte- DCI