terça-feira, 29 de maio de 2012

PROGRAMA DE TROCA DE LIXO POR ALIMENTOS COMPLETA DOIS ANOS DE SUCESSO EM CAXIAS DO SUL, RS

Programa de troca lixo por comida completa dois anos de sucesso em Caxias do Sul/RS A cada duas semanas, a mesa da doméstica Alzenira Rodrigues, 59 anos, fica farta de frutas, verduras e legumes. É tanta comida que, rindo à toa, ela compartilha o que tem com os vizinhos da Rua Henrique Fracasso, no bairro Fátima Baixo, na cidade de Caxias do Sul/RS. Sem desembolsar nenhum centavo, dona Alzenira consegue os alimentos juntando materiais recicláveis, como garrafas, latas e caixinhas de leite, para entregar ao programa Troca Solidária. Cada quatro quilos de lixo dão direito a um quilo de produtos agrícolas. “Quem teve essa ideia maravilhosa tem que ser abençoado! Faz seis meses que estou participando. Não vim antes porque não sabia como funcionava. Recolho tudo o que dá na vizinhança e em casa. Não tenho vergonha. Estou feliz porque estamos fazendo bem ao meio ambiente, à nossa saúde e ao nosso bolso”, comemora a doméstica, que agora tem mais dinheiro para comprar carnes. Dona Alzenira faz parte de um grupo de 17 mil famílias beneficiadas com o Troca Solidária em oito bairros de baixa renda. O projeto completou dois anos no dia 20 de junho. A iniciativa, coordenada pela Companhia de Desenvolvimento de Caxias do Sul (Codeca) e pela Fundação de Assistência Social (FAS), já recolheu 500 toneladas de lixo em troca de 125 toneladas de alimentos. “Os produtos são de ótima qualidade, comprados de agricultores cadastrados junto à FAS. Eles vendem os alimentos por preços um pouco mais baixos porque é o excedente da safra”, explica o gerente do Troca Solidária, Deoclécio da Silva. A cada sábado, dois caminhões da Codeca se deslocam a quatro bairros. Assim, as oito regiões beneficiadas são visitadas duas vezes ao mês. Um caminhão é usado para carregar o lixo; o outro, para os alimentos. Tudo o que entra e o que sai é pesado. Na manhã do último sábado, dia 18, dona Alzenira levou 108 quilos de lixo e, por isso, conseguiu 27 quilos entre batata, caqui, cenoura e laranja. “É muita coisa, né! Mas repartindo com a vizinhança e os netos vai sobrar o suficiente. Tem muita gente que não vem aqui trocar, mas me ajuda a recolher o lixo, então eu divido com eles”, comentou, sorridente, enquanto demandava a ajuda do marido, o aposentado Altino de Souza, 70, para carregar a pesada caixa de alimentos até o porta-malas do carro. Todo o material recolhido nos bairros é dividido entre associações de reciclagem. Já os alimentos servem para escoar toda a produção agrícola. No fim, todos ganham: população carente, recicladores e produtores rurais. Devido ao sucesso do projeto, a ideia, explica Deoclécio, é ampliar o projeto para outras comunidades. Mas, para isso, a Codeca precisa comprar mais caminhões. “Não temos como fazer previsões ainda, mas estamos trabalhando para ampliar o Troca Solidária o quanto antes”, diz o gerente. Beneficiados Atualmente, o Troca Solidária funciona nos bairros Kayser, 1º de Maio, Fátima Baixo, Conquista, Villa Lobos, Cânyon, Monte Carmelo e Planalto. Para saber a programação de coleta, basta ligar para a Codeca no (54) 3224.8000. Como funciona: - O programa Troca Solidária opera atualmente em oito bairros com população de baixa renda. A cada duas semanas, aos sábados, dois caminhões da Codeca se deslocam às comunidades para arrecadar lixo e distribuir comida - Os caminhões ficam estacionados em áreas de lazer ou pontos de encontro das comunidades - Quatro quilos de materiais recicláveis valem um quilo de alimento - Os resíduos recolhidos são encaminhados a associações de recicladores. Os hortifrutigranjeiros distribuídos são fornecidos por produtores rurais - O tipo do alimento disponível varia de acordo com a produção de cada mês e seu excedente - Não há limite para trocas por pessoa - Para levar os alimentos para casa, os moradores são orientados a buscá-los com caixas ou sacolas recicláveis Vantagens - Há maior envolvimento da comunidade na reciclagem - O acesso a alimentos é facilitado para pessoas pobres - Os recicladores recebem materiais em melhores condições que as atuais, aumentando suas capacidades produtivas - O aterro sanitário fica menos sobrecarregado - O produtor rural consegue comercializar toda a produção O que pode ser trocado Plástico: embalagem PET, copos de água, isopor, potes, tampas, embalagens de materiais de limpeza, canos e tubos PVC, sacos plásticos Papel: jornais, revistas, caixas de leite Vidro: recipientes em geral, como potes de conservas e garrafas Metais: latinhas de refrigerantes e cerveja, panelas, chapas, pregos O que não pode ser trocado - Móveis - Peças de veículos Fonte: Codeca Quem faz O programa Troca Solidária é gerenciado pela Codeca em parceria com a Secretaria Municipal da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e a FAS. Fonte: Pioneiro