sábado, 15 de dezembro de 2018

INTOLERÂNCIA Predadores do escorpião, gambás correm risco em Rio Preto


Apesar de ser um predador natural de pragas, animal é frequentemente perseguido; o motivo, segundo as autoridades, é a aparência pouco amigável

Colaboração Leitor Morador 'adota' família de gambás em Rio Preto



Morador 'adota' família de gambás em Rio Preto

A aparência deles pode não ser a das mais atraentes, o que faz com que sua popularidade seja bem inferior à do primo distante, o coala. Mesmo sendo considerados por muitos como visitas indesejadas, os gambás não oferecem nenhum risco à população e ainda possuem importante função: eles são excelentes eliminadores de pragas, como o escorpião.

Como muitos outros animais, os gambás são mais fofos quando são filhotes. No entanto, os adultos dificilmente conseguem cativar a afetividade das pessoas, já que para muitos se parecem com ratos gigantes. E, nos últimos anos, o surgimento deles têm aumentado em Rio Preto. Os motivos são dois: a invasão humana do habitat e a busca por alimentos.

No bairro São Francisco, um morador virou cuidador de uma família de gambás que passou a morar no tronco de uma árvore, em frente a casa dele. A fêmea teve cinco filhotes recentemente. "Meu medo é judiarem do animal pelo que ele é e pela aparência", contou o funcionário público Marcelo Gallo. Além disso, ele tem o receio de que o bicho seja atropelado, já que escolheu morar em uma rua bastante movimentada.

O capitão da Polícia Ambiental de Rio Preto Alessandro Daleck, tranquiliza: "Os gambás são animais espertos, eles não se colocam em perigo facilmente". Nos últimos anos, o número da aparição de gambás cresceu na cidade. "Isso é um bom sinal, pois demonstra que a população está aumentando", diz Daleck.  Mesmo assim, em alguns casos eles acabam se machucando. Somente neste ano, o zoológico municipal de Rio Preto recebeu 17 gambás.

O número representa mais da metade dos mamíferos resgatados no ano. "Esse número pode ser infinitamente maior", conta o biólogo do Zoológico, Samuel Villanova. No local, a equipe recebe gambás órfãos, vítimas de atropelamento e com traumas, que podem ser pauladas. Os filhotes que são resgatados ficam em tratamento até terem condições de sobreviverem na natureza. Normalmente, eles são são devolvidos ao habitat natural quando atingem 70 dias de vida.

Geralmente, o gambá invade residências em busca de comida ou a procura de local seguro para fazer ninhos, como forros. Não é recomendável acuar o animal. O ideal é deixar ele passar até que encontre um caminho para fugir. Para evitar esse tipo de surpresa, a recomendação é não se aproximar, vedar aberturas, entre o telhado, acondicionar o lixo corretamente e retirar sobras de rações.

Alimentação

Os gambás são animais onívoros, ou seja, comem de tudo. Eles se alimentam frutas, pequenos insetos e de aracnídeos, explica o biólogo e professor da Unesp, Arif Cais. "Os gambás têm hábitos noturnos, normalmente vivem em árvores e comem de tudo, inclusive escorpiões, aranhas e lagartixas."

A espécie presente da região de Rio Preto é a de orelha branca, da família Didelphis marsupialis. "Esses animais não possuem gandulas pigidiais que esguicham líquido com feromônios e que exalam cheiro ruim," esclarece Arif. O especialista explica que esse mecanismo de defesa é comum apenas ao cangambá, espécie encontrada normalmente na América do Norte, que não faz parte da família de marsupiais.

O gambá comum, no entanto, não oferece nenhum risco aos seres humanos. "Eles são animais lentos, não possuem veneno e a mordida dele não é agressiva", conclui Arif. Além disso, o animal possui grande importância para a manutenção do ecossistema por ser um ótimo dispersor.

"Maltratar ou matar gambás, ou qualquer outro animal silvestre é crime ambiental", finaliza o capitão Daleck. A pena para essa prática prevê detenção de seis meses a um ano e multa.


Fonte: https://www.diariodaregiao.com.br/