sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

O IMPACTO DAS PRAGAS URBANAS DO EXTERIOR NO INTERIOR


O IMPACTO DAS PRAGAS URBANAS DO EXTERIOR NO INTERIOR
Estar no campo em atividade é sempre revigorante e só faz reforçar os conceitos que muitas vezes parecem só conceitos formais, mas na realidade são baseados em muita observação feita nessas ultimas décadas. Foi justo o que aconteceu essa semana durante o atendimento a um cliente que se queixava de insetos alados (moscas de várias espécies) em sua área produtiva.
Esses animais que vivem gravitando ao redor das estruturas de concreto aprenderam depois de milhões de ano de evolução que o homem não come alimento estragado, pois as bactérias que aderem e se nutrem desse alimento em decomposição afetam o organismo humano. Já os insetos, por exemplo, tem outro sistema bem diferente e a presença de microrganismos não afeta em nada o seu interesse nos alimentos. Pelo contrário, alguns animais como as moscas, por exemplo, buscam resíduos em decomposição e com certo grau de umidade para depositar os seus ovos. As larvas que saem deles terão alimento farto e quanto mais abundante forem as colônias de microrganismos patogênicos tanto melhor para o desenvolvimento das larvas.
Se pensarmos somente em moscas, que se apresentam em muitas espécies e tamanhos, já estamos lidando com um problema de grandes percepções.
Vamos imaginar uma situação em que um medicamento, alimento ou até uma bolsa e soro de uso hospitalar aparecem com um inseto, por pequeno que seja, no seu interior, lacrado e pronto para o consumo. Se essa bolsa, ou alimento, ou medicamento não for segregado a tempo, se cair nas mãos de um consumidor pode gerar várias consequências graves, inclusive de causar um risco médico importante para o paciente indefeso que receber uma alimentação endovenosa.
Agora, vamos imaginar o fato e pensar como o inseto entrou naquele ambiente para ter acesso a uma área produtiva tão delicada. Ele pode ter entrado pelo forro, pode ter entrado por uma janela sem tela ou semi aberta, pode ter entrado via mercadoria estocada em algum local infestado, as opções são tantas que fica difícil imaginar qual a mais provável. Cada caso é um caso e merece um rastreamento de detetive.
Voltando à mosca, sabemos que os insetos não têm muito a pensar a não ser deixar sua descendência na natureza. Nas cidades a natureza é estranha, tem arvores de concreto, frestas mil, muitas luzes, muitos espaços, muito calor, muitos cheiros. Para um inseto, é muita coisa. Inseto sente frio e gosta de temperaturas não muito quentes nem muito frias, ou seja, o seu ambiente de casa ou de trabalho, e principalmente num ambiente tipo uma sala limpa, onde as temperaturas são mantidas em cerca de 19 graus Centigrados. O mesmo pode acontecer em ambientes onde se manipula chocolate, por exemplo. A questão principal é como evitar que um fato desses ocorra e qual pode ter sido a motivação para o inseto entrar?
Se a área permanece fechada e lacrada o tempo todo essa entrada fica difícil, mas existem aqueles momentos em que a fabrica para a sua manutenção anual, o que acontece geralmente nas Festas ou logo após. Nesse momento, as portas são abertas, pessoas da manutenção entram na sala com equipamentos e as defesas caem, e a temperatura equivale ao ambiente exterior só que mais amena, pois lá fora o calor é grande. Está feita a equação. Os insetos são atraídos por luzes e temperaturas confortáveis e instalam-se no ambiente interno dentro de luminárias, tomadas de energia, pequena cavidades despercebidas. Quando a produção é restaurada e as baixas temperaturas são estabelecidas os insetos começam a circular, pois buscam água e alimento e aí começa o problema. Eles parecem saídos do nada, mas são uma consequência.
Nesse caso fui pesquisar as áreas externas que exportaram os insetos para o interior da produção e o que me chamou mais a atenção foi o lixo: lixo orgânico e o lixo reciclável. O que fazer com ele? A questão hoje merece maior destaque com a aprovação, após 18 anos de espera, da Politica Nacional de Resíduos, antes tarde do que nunca. O lixo é uma questão de primeira instância no ponto de vista ambiental, mas é também crucial numa empresa, não importa o tamanho. A maneira como cuidamos desse lixo orgânico tem um impacto direto nas pragas urbanas do ponto de vista de atratividade e permanência.
E foi aí que as teorias encontraram respaldo, no lixo com acondicionamento precário, em um piso áspero e retentor de partículas de resíduos, sem uma rotina adequada de higienização. Tudo começou aí, por incrível que pareça.
Essa temática é bastante comum em visitas técnicas e o lixo é sempre tratado como lixo do ponto de vista negativo. Lixo precisa ser manipulado com cuidado, separado, identificado e protegido. Deve estar localizado em local que não bata muito sol, coberto de preferencia e os latões que o acondicionam devem estar em um piso liso, inclinado, de fácil limpeza, o que é um investimento bem baixo para qualquer empresa. Os latões precisam ser higienizados com água sanitária diariamente e o piso também. Como complemento adicional a empresa de controle de pragas pode instalar um recurso que contenha iscas para moscas para reduzir ainda mais a presença dos insetos.
Se essas providências forem tomadas, riscos de insetos nas áreas produtivas vão ser reduzidos a quase zero.
Lucia Schuller