Segurança é a palavra chave. Mas que tipo de relação pode existir entre segurança no ambiente de trabalho e os vetores urbanos?
Muito se
tem discutido a respeito da real influência
que insetos e roedores tem sobre a saúde e segurança do trabalhador.
Ainda se questiona sobre a real necessidade de se “investir” em um serviço de
controle de pragas. Na presença das primeiras dificuldades econômicas,
geralmente é o item que é imediatamente cortado para redução de despesas. Ou
pior, no intuito de se executar um serviço com preços mais módicos, o trabalho
é entregue a um funcionário da própria empresa, alguém da faxina talvez, que
nenhum treinamento possui para executar tal tarefa. Esta pessoa passa a ser
responsável pela aplicação de produtos tóxicos e consequentemente, pela
segurança de todos que utilizam aquela área. A partir desta nova incumbência a
questão não é mais somente a presença de
pragas mas modifica-se e agrava-se pelo
risco no uso de produtos quimicos.
A primeira questão é: Qual a importância das pragas para o
ambiente de trabalho? Lá passamos a maior parte de nossas vidas e os melhores
horários de nosso dia. Na busca da subsistência acabamos nos envolvendo com as
rotinas diárias e lá deixamos grande parte de nossas energias. A
competitividade assim o exige.
Em 1972 uma médica inglesa, Beatson, observou em um hospital
a presença de pequenas formigas que se infiltravam dentro de medicamentos,
materiais esterilizados, equipamentos para aplicação de soro, etc. e
curiosamente, resolveu avaliar microbiologicamente, o que aqueles insetos
poderiam eventualmente estar transportando. Ela surpreendeu-se com a grande
quantidade de microrganismos patogênicos encontrados nas diversas partes do corpo
destas,aparentemente inofensivas, formiguinhas. Esta conclusão levou outros
países a também iniciarem estudos e a chegarem a conclusões semelhantes à da
Dra Beatson a respeito do risco à saúde
que estas formiguinhas representam. O nosso ambiente de trabalho pode
ser um hospital, um restaurante, um
escritório, um galpão de fábrica, ou até mesmo a nossa casa. Em todos estes
ambientes as pragas vão ter ou não condições de se abrigar, proliferar e por
consequência espalhar microrganismos e aumentar as chances de entrarmos em
contato com eles. Assim, quanto melhor fôr o ambiente de trabalho do ponto de
vista de higiene, limpeza, manutenção e
ausência de pragas, melhor para nós, para nossa saúde e melhor será o nosso
rendimento. Estaremos doentes menos vezes e produziremos mais.
A segunda questão é: Como fazer o controle de pragas de uma
forma segura? A imprensa constantemente noticia fatos relacionados com
intoxicações através do uso indevido e abusivo de produtos químicos,
especialmente inseticidas. As estatísticas da FioCruz mostram que cerca de 50 %
dos acidentes que anualmente ocorrem nos lares brasileiros envolvem o uso de
pesticidas agropecuários, de uso profissional e domésticos. A Portaria 321 do
Ministério da Saúde distingue entre os produtos permitidos para uso doméstico e
consequentemente, por uso de leigos, dos ditos
de uso exclusivamente profissional e estabelece parâmetros para o seu
registro e utilização.
Entretanto, o trabalho de controle de pragas não é mais uma
mera aplicação de “venenos” com os seus consequentes riscos à saúde pública. É,
muito mais do que isto. É um trabalho de observação, de integração, de
conscientização. Todos devem estar envolvidos, cliente e parceiro, nesta
batalha. A utilização de produtos químicos é somente uma das etapas do
controle. Esta nova visão chama-se Controle
Integrado de Pragas e segue de
encontro com as posturas que estão sendo adotadas modernamente em relação ao
meio ambiente. Um pesticida mal utilizado pode contaminar o ambiente urbano e
as pessoas que lá vivem. Com certeza não é a única solução de nossos problemas
com pragas.
Este cenário é incompatível com os dias atuais, em que o
desdobramento do conhecimento humano abriu janelas e espaços para novos
conhecimentos que permitem que todo este trabalho seja feito com a maior
segurança e confiabilidade de resultados.
A solução está em uma maior participação de todos os
envolvidos neste cenário, em uma maior integração das áreas da empresa, de uma
maior e mais abrangente doutrinação das pessoas no sentido de colaborarem para
a obtenção dos resultados positivos.
Todos ganham com isso. O meio ambiente, que vai ser menos
afetado; as pessoas, que serão mais protegidas. Só as pragas urbanas levam a
pior.
.
Lucia Schuller
Bióloga