Pesquisadores daUniversidade Johns Jopkins,
nos Estados Unidos, demonstraram por meio de um estudo com ratos que há maior
chance de aborto espontâneo devido à infecção por zika no primeiro trimestre de
gestação. O estudo foi publicado nesta terça-feira (21) na "Nature
Communications".
Outros estudos já haviam demonstrado que o
vírus da zika pode atravessar a placenta, estrutura responsável por proteger o
feto na barriga da mãe. Sabra L. Klein, imunologista e coautora do artigo,
desenvolveu junto a seus colegas um modelo de rato com um sistema imune mais
parecido com o dos seres humanos.
O grupo de cientistas injetou cepas diferentes
do vírus da zika nos animais. Usaram o tipo encontrado nos surtos na Nigéria e
no Camboja, em 1968 e 2010, respectivamente. E aplicaram nos ratos o zika mais
recente detectado nas epidemias no Brasil e em Porto Rico.
A viabilidade da gestação ocorreu para 71% das
gestações da cepa mais antiga e para 56% para o vírus mais recente. Ou seja: há
uma taxa de abortos que varia entre 29% e 44% após a infecção. De acordo com o
estudo, isso pode ocorrer por uma infinidade de fatores, já que a relação entre
o zika e a perda dos fetos ainda não foi totalmente estudada.
Outra fator é que, quando a infecção dos ratos
ocorreu no segundo trimestre de gravidez, o número de abortos foi menor. Isso
sugere, segundo o artigo, que há menos vulnerabilidade ao vírus com o decorrer
da gestação.
"Precisamos encontrar uma forma de
impedir a transmissão do zikaatravés da placenta para o feto, porque é onde o
dano é causado", disse Klein. "Nas placentas dos nossos ratos, vemos
uma defesa contra o vírus que é montada, mas não é suficiente, especialmente no
início da gravidez, tempo que corresponde ao primeiro trimestre da gestação dos
seres humanos".
Os pesquisadores também observaram como
funciona a ativação das defesas do corpo contra o vírus nas placentas dos ratos
utilizados durante a pesquisa. Eles identificaram alguns receptores em células
da placenta usados pelo vírus para chegar até o feto. Tais receptores podem ser
alvos potenciais para tratamentos contra a doença, disseram os professores.
G1
21/02/2017 | 16h10min