Por Liliane Souza
01/09/2019 06h51 · G1
Idoso perde os dedos da mão após picada de aranha
'mega' venenosa Um zelador de 60 anos teve os dedos da mão esquerda amputados
após ser picado por uma aranha enquanto limpava o deck da piscina de casa, em
Bertioga, no litoral de São Paulo.
A suspeita é que ele tenha sido picado por
uma aranha-marrom (Loxosceles) – uma das mais perigosas do país, conhecida pela
picada necrosante. Em entrevista ao G1 neste domingo (1º), a estudante Larissa
Santana dos Santos, de 20 anos, filha do idoso, conta que o pai, que prefere
não se identificar, foi levado ao hospital da cidade após apresentar febre, dor
e inchaço na mão, mas os médicos suspeitaram que ele estivesse com íngua ou
celulite infecciosa e ele foi liberado após tomar uma medicação.
A picada
ocorreu no dia 10 de julho na casa da família, no bairro Vista Linda, mas ele
não notou na hora. Depois, ele lembrou ter visto uma aranha pequena enquanto
fazia limpeza na casa. Ao retornar ao Hospital de Bertioga no dia 14 de julho,
os médicos viram que o problema era grave e ele foi internado. Na ocasião, ele
já estava com os dedos necrosados. Dois dias depois, ele foi transferido para o
Hospital Santo Amaro, em Guarujá, e foi submetido a uma cirurgia para amputar
os cinco dedos da mão esquerda. O idoso chegou a ficar internado durante oito
dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e recebeu alta na última sexta-feira
(30), após passar por tratamento com antibiótico, segundo o hospital. "Agora ele está bem, graças a Deus. Mas vai ter que continuar fazendo
todo o procedimento de limpeza e curativos em casa. Uma enfermeira vai fazer
isso. Com o tempo iremos ver como vai reagindo porque o braço dele está aberto,
por isso o curativo", diz a filha do zelador.
Em 2017, foram
registrados 7.992 casos de acidentes com aranhas-marrons em todo o país, segundo
o levantamento mais recente disponibilizado pelo Sistema de Informação de
Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde. De acordo com o biólogo
Fabio Lopes, a aranha-marrom é endêmica no sul do Brasil – não à toa, o maior
número de acidentes foi registrado nessa região. Dos 7.992 casos, 6.643 foram
no sul; 789 no sudeste; 283 no nordeste; 158 no centro-oeste; e 119 no norte do
país.
Fabio explica que a espécie não é agressiva, mas tende a picar quando é
comprimida contra o corpo ou quando se sente ameaçada. Ela pode medir de 0,6mm
a 2cm e costuma se esconder em garagens, porões, caixas, atrás ou embaixo de
móveis e em outros locais com pouca iluminação. Ele alerta que, ao entrar em
locais fechados há muito tempo, é preciso abrir as janelas para desinfestar o
ambiente. Em 2017, foram registrados 7.992 casos de acidentes com
aranhas-marrons em todo o país
Para prevenir acidentes, é importante manter jardins e quintais limpos (na
hora de limpar, utilizar botas e luvas); evitar o acúmulo de folhas secas e
lixo doméstico nas proximidades das casas; sacudir roupas e sapatos antes de
usá-los; vedar frestas e buracos em paredes; colocar telas nas janelas;
combater a proliferação de insetos, pois as aranhas se alimentam deles; e
afastar camas e berços de paredes. Segundo ele, tudo indica que o idoso tenha
sido picado pela aranha-marrom, pois nenhuma outra aranha tem esse tipo de
toxina capaz de quebrar as estruturas do sangue e das proteínas (músculos).
"A quantidade de toxinas que a pessoa recebe e a demora na busca por
atendimento médico interferem na gravidade da lesão", destaca. Ele explica
que as serpentes têm toxinas mais poderosas que as aranhas, mas é difícil não
notar a picada desses animais – ao contrário do que ocorre com aracnídeos,
principalmente a aranha-marrom, que é pequena e possui uma picada pouco
dolorosa. O pesquisador afirma que a aranha-marrom tem a toxina mais perigosa
entre as espécies de principal importância médica no país, e é responsável por
causar os acidentes mais graves. Para saber se uma aranha é perigosa ou não,
uma dica é verificar o tipo de teia que ela produz. "Em geral, aranha que
faz teia geométrica, bem feita, não tem importância médica. As aranhas que saem
debaixo de entulho, de buracos ou que têm teias que parecem novelos de lã
enrolados são mais perigosas. Se ela tem um veneno importante ela não precisa
ter o sacrifício metabólico de produzir a teia", diz Fabio Lopes. O que
fazer em caso de acidente: Lavar o local da picada; · Usar compressas mornas,
pois ajudam no alívio da dor; · Elevar o local da mordida; · Procurar o serviço
médico mais próximo; · Quando possível, levar o animal para identificação.
Informação publicada no site: https://g1.globo.com/sp/santos-regiao/mais-saude/noticia/2019/09/01/