A MIDIA IMORTALIZOU O POMBO PAULISTA COMO UM PERSONAGEM QUE TUDO VÊ E TUDO SABE.
A utilização pela mídia do POMBO PAULISTA mostra nas entrelinhas alguns aspectos de sua ecologia bastante importantes. Essa propaganda saiu há alguns anos mas foi extremamente feliz do ponto de vista de marketing. O Pombo, além de Paulista é oniciente e onipresente, sem ser divindade. Sua presença é tão flagrante e tão expandida que este Pombo Paulista é capaz de saber dos mínimos e mais íntimos detalhes da vida do Paulistano. Ele sabe se o cidadão passa roupa ou não, se toma banho ou não, quanto gasta de energia e outros detalhes interessantes.
A ímagem que a mídia retratou é bem parecida com aquela que nós cidadãos paulistanos observamos todos os dias. Uma ave extremamente adaptada aos hábitos do homem urbano, vivendo às suas expensas com a maior falta de cerimônia, ocupando todos os espaços do homem e suas cercanias.
Os pombos encontraram guarida no ambiente urbano em razão da visão humana de urbanização. Os rococós e trejeitos da arquitetura antiga, moderna, pós modernista e contemporânea não escapam ao olhar atento e vigilante destas aves. Os pombos se aproveitam da falta de costura que existe entre os profissionais arquitetos e controladores de pragas e vão se acomodando por toda a cidade.
O homem, por sua vez, cansado de tanto cimento, nutre estes animaizinhos com o carinho proporcional à sua carência de natureza. Distribuir alimentos é uma prática comum nas cidades e geralmente quem o faz são os mais idosos e as crianças, que se divertem enquanto os pombos disputam as migalhas de pão e batem as asas com vigor, liberando milhões de microrganismos e ácaros que , por sua vez, se alojam nos transeuntes e nos atentos observadores.
Não é raro encontrarmos bandos de pombos que, afeitos à "caridade" das pessoas são mais arrojados e invadem lanchonetes , chegando a subir em mesas para obter o que desejam.
Não podemos também nos esquecer daqueles pombinhos que vivem nos lixões, nas usinas de lixo, dos restos de compostagem e dos restos dos grandes atacadistas e proliferam muito bem nestas condições.
Assim a solução será eliminá-los!? Será que eliminando pombos nós iremos resolver o problema? É interessante observar que em alguns locais mais críticos, na calada da noite (já que matar pombos é proibido por lei) provavelmente algum tipo de eliminação deva ocorrer, pois eles da noite para o dia ficam em minoria por algum tempo, mas logo os bandos estão fortalecidos. Isto sem contar aqueles que se divertem no tiro ao pombo.
Desde que o homem descobriu a primeira molécula eficiente para controlar pragas, o DDT, que ele busca sempre alguma nova utilização para o arsenal quimico que ele produz. Nem sempre controlar pragas é seguir por esse caminho. No caso do pombo, essa é uma realidade.
Assim enquanto não tomarmos medidas realmente adequadas e construtivas para controlar essas aves nós vamos continuar observando o pombo paulista, carioca, pernambucano, paraibano, gaucho, baiano, catarinense, etc, etc, etc.
Lucia Schuller
Bióloga