Os bairros de
Charitas, Preventório, São Francisco e Cachoeira são os primeiros a receber o
mosquito aliado no combate a dengue, Zika e chikungunya
O Projeto
Eliminar a Dengue: Desafio Brasil inicia a liberação dos mosquitos Aedes
aegypti com a bactéria Wolbachia, na região de Praia de Baía de Niterói, nos
bairros de Charitas, Preventório, São Francisco e Cachoeira. Essa é a etapa
mais aguardada do método inovador e natural que reduz a transmissão dos vírus
da dengue, Zika e chikungunya. As liberações dos mosquitos acontecem após a
conclusão das etapas de comunicação e engajamento comunitário que levam informação
e dialogam com a comunidade visando tanto a disseminação do conhecimento sobre
a metodologia quanto o esclarecimento de dúvidas.
A partir de
hoje, os bairros receberão os Aedes aegypti com Wolbachia periodicamente
durante alguns meses, dependendo da forma de liberação de mosquitos determinada
para cada área. Além desses bairros, outros da região de Praia de Baía e toda a
Região Oceânica de Niterói também receberão o Projeto, dando sequência à
expansão neste municiípio em 2017.
A escolha de
Charitas, Preventório, São Francisco e Cachoeira dá continuidade à
implementação realizada em Jurujuba (bairro de Niterói) do projeto-piloto.
Assim como no Rio de Janeiro, o Projeto dará continuidade a partir da Ilha do
Governador, onde também foi implementado projeto-piloto, no bairro de
Tubiacanga. A expansão chegará ao Rio de Janeiro em breve, em meados de 2017,
onde atingirá cerca de 2,5 milhões de habitantes, em bairros das regiões norte,
centro e sul, por um período aproximado de dois anos de duração.
“Estamos bastante
otimistas com esta expansão do Projeto, pois teremos a oportunidade de trazer
mais um método à população para reduzir a incidência dessas doenças
transmitidas pelos mosquitos, agora em maior escala”, ressalta o pesquisador e
coordenador geral do Projeto no Brasil, Luciano Moreira.
Segundo o
pesquisador, os projetos-piloto realizados em Jurujuba e Tubiacanga deram a
base necessária ao desenvolvimento do plano para a expansão, desde a
implementação de um modelo de aceitação pública, o aperfeiçoamento da
logística, de materiais, até a otimização dos processos de criação dos
mosquitos e à integração de novos dados informatizados.
Formas de
liberação
O Projeto
utiliza duas formas de liberação de mosquitos Aedes aegypti com Wolbachia: a
primeira é a liberação de mosquitos adultos em vias públicas e a segunda é a
liberação de Aedes com Wolbachia através do Dispositivo de Liberação de Ovos
(DLO), um recipiente fechado (semelhante a um balde com tampa) onde os
mosquitos se desenvolvem. Os DLOs são colocados em áreas públicas e/ou
propriedades privadas nos bairros que colaboram com a iniciativa. No interior
do DLO há ovos de Aedes aegypti com Wolbachia, água e alimento para as larvas
que vão nascer. Cerca de sete a dez dias após a instalação, os mosquitos já
estarão adultos e voarão para fora, por meio dos furos existentes no
dispositivo. É importante ressaltar que o DLO não possui produtos químicos ou
tóxicos.
O uso de duas
formas de liberação é parte da busca por metodologias que sejam ao mesmo tempo
mais eficazes, de melhor custo-benefício e mais adequadas à cada área de
implementação. “Devido à diversidade de características das cidades
brasileiras, em termos de estrutura urbana e ambiental, escolhemos a melhor
estratégia para cada área a ser trabalhada”, explica Moreira.
O método é
seguro e sem qualquer risco para a população, animais e o meio ambiente. Além
disso, não utiliza nenhum tipo de modificação genética. Como objetivo, tem a
meta de substituir, gradualmente, a população de mosquitos Aedes aegypti de
campo pelos mosquitos com a bactéria Wolbachia. Isso acontece através do
cruzamento dos Aedes aegypti, na medida em que a bactéria é passada
naturalmente da fêmea para os filhotes, que já nascem com a Wolbachia. Esse
processo garante a autossustentabilidade do método .
Após as
liberações, as populações de mosquitos das áreas são monitoradas para a
verificação da presença de Wolbachia. Esta etapa deve perdurar por alguns
meses.
Apoiadores e
financiadores
O Projeto é uma
iniciativa do programa internacional Eliminate Dengue: Our Challenge. No Brasil
recebe financiamento da Fundação Oswaldo Cruz, do Ministério da Saúde
(Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis - DEVIT e Departamento
de Ciência e Tecnologia da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos
Estratégicos - DECIT/SCTIE), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação,
do CNPq e do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES).
A Secretaria
Municipal de Saúde de Niterói e a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de
Janeiro atuam como parceiros locais na implantação do Projeto, fornecendo
contrapartida de pessoal e logística. O financiamento internacional inclui
verba da Fundação Bill & Melinda Gates, via Universidade Monash na
Austrália e o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados
Unidos.
Mais
informações no link
www.fiocruz.br/eliminaradengue