Por: Camile de Oliveira (Projeto
Eliminar a Dengue/Fiocruz)
O projeto Eliminar a Dengue:
Desafio Brasil, conduzido pela Fiocruz, confirma sua nova taxa de sucesso em
90% de presença de Aedes aegypti com Wolbachia no Ponto Final, em Jurujuba,
bairro de Niterói onde foi implementado o projeto-piloto. Neste momento, a fase
de expansão avança para bairros da Região Oceânica do município. Com equipe
presente nos bairros de Cafubá, Jacaré, Jardim Ibuí, Piratininga, Santo Antônio
e Camboinhas, o projeto promove atividades de informação, conhecimento e
engajamento comunitário para que, em breve, possa prosseguir com a liberação
dos Aedes aegypti com Wolbachia. A iniciativa da Fiocruz ajudará a proteger mais
32 mil habitantes dessas doenças.
“O aumento da frequência de
mosquitos Aedes aegypti com Wolbachia no Ponto Final, em Jurujuba (área do
projeto-piloto), é considerado um resultado extremamente satisfatório e
corrobora a autossustentabilidade do método. Agradecemos a população do Ponto
Final, de toda Jurujuba e também da Região Oceânica, onde atuamos no momento,
pelo contínuo apoio recebido desde o início das nossas atividades no
município”, reforça Luciano Moreira, pesquisador responsável pela iniciativa no
Brasil.
Projeto
O projeto Eliminar a Dengue:
Desafio Brasil propõe um método capaz de reduzir a transmissão dos vírus da
dengue, zika e chikungunya pela liberação de mosquitos Aedes aegypti com a
bactéria Wolbachia. Essa bactéria é natural, pois existe em muitos outros insetos.
A iniciativa é parte do programa internacional Eliminate Dengue: Our Challenge,
com participação do pesquisador da Fiocruz Luciano Moreira, que lidera o
projeto no Brasil. A metodologia consistiu na inoculação da bactéria Wolbachia,
retirada da mosca da fruta, no ovo do Aedes aegypti, para que desta forma o
inseto se desenvolva com a bactéria no seu organismo de forma intracelular.
O projeto propõe a liberação dos
mosquitos Aedes aegypti com Wolbachia em uma área por um determinado período de
tempo, proporcionado a substituição gradual da população de mosquitos Aedes
aegypti de campo pelos mosquitos com a bactéria Wolbachia. Esta substituição
ocorre mediante o cruzamento entre eles, com a transmissão da bactéria pela
fêmea aos seus filhotes. Desta forma, o método torna-se autossustentável, uma
vez que naturalmente a bactéria vai se perpetuar nas gerações futuras dos
mosquitos.
“O método não envolve nenhuma
modificação genética e é complementar a todos que já existem para proteção e
combate às doenças. É uma iniciativa inovadora, sem fins lucrativos,
autossustentável, porque não exige a sua contínua implementação na área, além
de ser segura, porque não tem qualquer influência em seres humanos e no meio
ambiente”, explica Moreira.
A fase de expansão, já iniciada
nos bairros de Charitas, Preventório, São Francisco e Grota no início deste
ano, está em fase de liberação mosquitos Aedes aegypti com Wolbachia em algumas
destas localidades e chega agora à Região Oceânica e, em um futuro próximo
chegará ao município do Rio de Janeiro, iniciando pela Ilha do Governador. Nas
novas áreas, a equipe de Engajamento Comunitário está dialogando e tirando
dúvidas com a comunidade sobre a metodologia. A conscientização sobre a
importância da participação de toda a população é fundamental para o sucesso da
iniciativa.
“Estamos bastante otimistas com
esta expansão do projeto, pois teremos a oportunidade de trazer mais um método
à população para reduzir a incidência dessas doenças transmitidas pelos
mosquitos, agora em maior escala”, ressalta Moreira.
Aprovações éticas e regulatórias
O protocolo da fase de expansão
do Projeto no Brasil foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa), pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais
Renováveis (Ibama), pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(Mapa) e pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) após rigorosa
avaliação sobre a segurança para a saúde e para o meio ambiente.
Apoiadores e financiadores
No Brasil, o projeto é apoiado
pelo Ministério da Saúde (Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis
- Devit/SVS - e Departamento de Ciência e Tecnologia da Secretaria de Ciência,
Tecnologia e Insumos Estratégicos - Decit/SCTIE) e pelo Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com contrapartida da Fiocruz.
A
Secretaria de Saúde de Niterói e a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de
Janeiro atuam como parceiros locais na implantação do projeto, fornecendo
contrapartida de pessoal e logística. O financiamento internacional inclui
verba da Fundação Bill & Melinda Gates, via Universidade Monash (Austrália)
e Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos.
Para mais informações sobre o
projeto, acesse o site Eliminar a Dengue.
URL:
https://portal.fiocruz.br/pt-br/content/eliminar-dengue-wolbachia-foi-transmitida-para-90-dos-mosquitos-aedes-aegypti-em-bairro-de