Ter um
pet ou animalzinho de estimação nas residências hoje em dia é cada vez mais
frequente. As empresas que cuidam de pets e comercializam itens para esses animais
estão crescendo numa velocidade exponencial. O faturamento do mercado pet
mundial é, hoje, de US$ 102,2 bilhões, valor alcançado graças ao 1,56 bilhão de
animais de estimação. O Brasil é o terceiro maior, com 5,3% desse valor, atrás
dos Estados Unidos (42%) e do Reino Unido (6,7%). O Brasil tem também a 4ª
maior população de pets do mundo.
Os
animais domésticos foram elevados a uma categoria ligada à saúde: em muitos países,
como nos Estados Unidos, as pessoas adotam animais de estimação para controlar
doenças psicológicas, como a síndrome do pânico, que tem fundamentos psicológicos
e biológicos, depressão além dos requisitos mais comuns desses animais que são atuar
como cão guia para cegos e outras atividades de suporte para o qual são
treinados.
De
qualquer forma, não importa o animal que se tenha em casa, o importante é saber
em que grau a presença de um cachorro, gato, pássaro pode influenciar na
presença de pragas urbanas dentro de casa.
Os
famosos desenhos do Tom & Jerry mostram-nos
uma luta sempre ferrenha entre gato e rato, o primeiro correndo atrás do
segundo sempre. Interessante que o
camundongo nunca morre. Ele sofre a perseguição implacável do gato, porém ao
final de cada desenho ou um ou outro ganham uma batalha provisória, porém nunca
a derrota definitiva. Na natureza isso também pode acontecer. Usar um gato como
exterminador de ratos pode ser uma boa solução somente quando se restringe o
oferecimento de alimento para o gato, assim ele não tem outra alternativa a não
ser caçar ratos ou passarinhos.
O tipo
de moradia em que o pet vai viver também é um diferencial importante. Se o pet
vai viver numa casa, com quintal, jardim é uma situação; se ele vai viver num
apartamento é outra situação bem diferente.
Uma
casa sempre está mais vulnerável à presença de pragas do que um apartamento. A
casa tem contato mais próximo com áreas urbanas, vizinhança, terrenos, praças,
redes subterrâneas de esgotos e de águas servidas. Se essa casa tem um cachorro
ou gato, ou mesmo pássaro em gaiolas vai chamar a atenção de muitas pragas ao
redor.
A
principal delas é o rato. Os ratos são especialistas em perceber oportunidades
de obter alimento e os pets são alimentados em geral com rações balanceadas
para garantir a sua saúde. Eventualmente, um cachorro pode perceber a presença
de um rato e correr atrás dele para tentar pegá-lo, mas um gato vai ser mais
cauteloso, a não ser que ele esteja com muita fome. Isso quer dizer que usar um
gato como exterminar de ratos pode não ser a melhor alternativa de controle.
Um
outro detalhe importante é o armazenamento do alimento deste animal que deve
ser feito em caixas bem fechadas para impedir a saída de odores e a atração de
ratos.
Uma
casa é também mais vulnerável à entrada de ratos pelos vasos sanitários. Os
relatos são muito frequentes de pessoas
que sofrem com esse tipo de visita desagradável.
Temos
ainda que considerar a colocação dos dejetos desses animais. Nesse caso gatos
merecem uma maior atenção com a higiene. A areia deve ser trocada com frequência
pois os odores exalados pelos dejetos são muito atrativos para diversos tipos
de moscas, principalmente as moscas comuns que vão depositar seus ovos nas
fezes destes animais e depois pousar sobre os alimentos e assim estabelecer uma
contaminação cruzada. E, por incrível que pareça, neste caso apartamentos são
tão vulneráveis a esta infestação quanto casas.
Um
terceiro inseto praga muito comum para quem mantém animal doméstico em casa são
pulgas e mais recentemente os carrapatos. Estes últimos estão invadindo as
residências e criando altas infestações que precisam ser tratadas com
inseticida e por profissionais bem experientes.
Chegamos
à conclusão que ter um animal de estimação em causa é um ato de muita
responsabilidade que requer atenção e cuidado com o animal com vacinas,
atendimento veterinário. O impacto nas populações de pragas urbanas é real e
demanda cuidados preventivos para evitar que se tenha uma população de animais
indesejados no ambiente doméstico.
Lucia
Schuller
Bióloga
e Mestre em Saúde Pública.